Por aquele "oi" eu que não disse

São Paulo, 03 de setembro de 2019

Por que nem sempre a gente cumprimenta as pessoas que conhece? Quais os elementos são necessários pra que a gente se sinta confortável para dizer um "Olá" ou pelo menos dar um aceno mostrando que se importa com o outro?

Primeiro quero assumir uma premissa aqui. Você parar esses segundinhos pra dar um "Oi" mostra que você se importa com o outro. Por isso temos aquela listinha de gente que dá preguiça. Pelo menos eu, mesmo mando a humanidade, tenho a minha. Então o que coloca alguém no grupo de "você vale meu tempo, vale uma pausa no que eu estou fazendo agora pra compartilhar um sorriso"?
É, nesses termos me lembro de que todo mundo vale. E tô meio arrependida, porque hoje minha insegurança foi maior do que o valor que dou à essas expressões de afeto. Hoje eu não dei "oi" pra alguém importante pra mim. E quero entender porque reagi assim. Vamos à análise.
Pontos para disponibilizarmos nosso tempo para alguém:
1. Segurança. Em primeiro momento nem trato da segurança na reciprocidade da reação, mas segurança em si mesmo. Quando estamos seguros de nós, não temos vergonha de fazer mais ou sentir mais que o outro. Ou simplesmente fazer diferente. Neste caso, apesar de estar segura de mim durante todo dia (especialmente durante aquele trajeto), a surpresa de encontrá-lo me desestabilizou. (A vida acontece ao vivo, um dia a gente discute essas instabilidades depois de uma surpresa.)
Mas aí, segurança não é tudo. Às vezes as pessoas nos são indeferentes ou até não gostamos de abrir chance ao diálogo com elas.
Eis que se apresenta o segundo elemento de nossa disponibilidade:
2. Interesse. Óbvio, a gente só faz pausas na nossa agenda pelas pessoas que importam pra nós (a não ser nas redes sociais, que gastamos umas horas vendo vidas que não tem nenhum vínculo com a nossa nem nos acrescentam muito). Na vida material sentimos no corpo e nos passos que tempo é limitado e, infelizmente em alguns dias, até os sorrisos são. Por isso nem sempre nos permitimos partilha-los com quem pouco conhecemos.
Justo. O que mais? Acho que a gente (ou pelo menos uns aconselhadores profissionais que conheço) precisam parar de defender a vida sem expectativas. Esperamos acordar respirando amanhã, esperamos que o Bolsonaro não se reeleja jamais e esperamos algum nível de reciprocidade naquilo que fazemos. Assim que, mesmo no "oi", esperamos uma resposta minimamente a acolhedora. Por isso, adicionamos um terceiro fator:
3. Expectativa. Pura e simples. Afinal, a gente já sabe que dá um dor quando você confunde a pessoa e acena pra um desconhecido. Ou pior ainda, quando alguém que já conhecemos prefere fingir que é um estranho.
Gosto de tríades, podíamos parar por aqui. Mas não posso fechar a análise de hoje sem mencionar um "oi" muito mais mercadológico e que ainda respeita os pontos acima. Já pensou naquele network que você queria ter feito e não fez? Por vezes nos importamos tanto com uma situação e o medo de "estragá-la" é tão forte (e os danos ao ego seriam tão intensos), que preferimos deixar a oportunidade passar por nós. Esse medo não chega a ser um fator adicional, visto que ainda compõe o sentimento de segurança que temos ou nos falta na hora da decisão, mas deve ser avaliado por outro espectro.
Então na próxima vez de dar um "oi", mesmo que constrangido, à alguém ou a uma oportunidade de um modo mais amplo, sugiro que se observe. Entenda o que sente de frente pro inesperado. Espero que você se encontre um pouco mais maduro que a criança em evolução que eu vi em mim hoje. Em qualquer caso, estamos juntos nesse barco. E se me encontrar, saiba que seu "Oi" será muito bem vindo.



Comentários

  1. Às vezes um oi faz tanta falta, às vezes gera um sorriso, às vezes um oi é só um oi e diz tanto...

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