Para uma mulher foda - um abraço em texto para que minha amiga não esqueça quem ela é


São Paulo, 07 de outubro de 2019

Todo ser humano pode ser incrível. Acredito genuinamente que cada um carrega em si potencial para isso. Tem uma parcela das pessoas que leva isso a sério, transforma potência em ação, hábito, meta e entra para o grupo de pessoas fodas. Felizmente conheço exemplos dos mais diversos nesse grupo. Ser foda para uns significa ser milionários. Para outros significa ser um monge. Para mim e para efeitos desse texto, foda é quem vive uma existência honesta, ou seja, quem vive verdadeiramente aquilo que acredita – dentro do respeito aos direitos humanos, antes que algum oportunista venha distorcer minha mensagem.

No grupo dos fodas, as mulheres se destacam. Quase todas são uma versão mais real e humana de Mulher Maravilha. Esse texto é dedicado especialmente a uma delas. Você mesma, miga. Quero te lembrar de que um mundo com mais mulheres (e pessoas) assim será um mundo muito melhor. Mas já peço sua licença pra compartilhá-lo com quem também merece essa tentativa de abraço em palavras.

Você é com certeza uma das mais incríveis que eu conheço. Uma das profissionais mais dedicadas e um dos seres humanos mais empáticos com que eu já tive contato. É divertida até quando está brava, e tem um cuidado muito grande com cada um de seus interlocutores. Mesmo nos dias mais difíceis, consegue presentear o mundo com um sorriso.

Eu sei que não acredita muito nisso. Especialmente quando parece que qualquer caminho vai dar numa rua sem saída. Sei que é difícil lembrar ou valorizar o quanto cresceu para chegar até aqui. Lembrar que já fez essa conquista de morar na cidade grande sem os pais. Que mantem o sorriso de 18 anos mesmo com uma sabedoria milenar. Que é linda por fora, mas essa beleza nem se compara com o brilho da sua alma, até nos dias em que essa luz tem dificuldade pra brilhar. Que inspira pela autenticidade. Acho que nem imagina como é uma honra ser comparada a você.

Você pode se divertir no rolê de forró, rock ou eletrônica, mesmo na fase em que prefere só um lugar pra comer e conversar. Se importa verdadeiramente com o próximo. Quando não encontra o lado bom de uma situação, se torna o que há de melhor nela. E não sendo santa, nem Buda, graças a Deus, tem suas loucuras. E crises. Lágrimas, ansiedade, insônia, nervouser e dias em que se questiona se é muito tarde para mudar de lado e simplesmente ser cuzona. Afinal, algo disso vai importar um dia? Você sabe que já importa. Já importa hoje. Por isso não mudou de lado. Obrigada por isso.

Ouvi de ti há uns tempos que não se sente suficiente no trabalho (e quem se sente?). A carga massiva de entregas esperadas tem feito com que se sinta ineficiente. Isso se soma as instabilidades da vida moderna, do emprego moderno. Adicione a dose de alta cobrança pessoal e voilà. Vem a sensação de que todos ao seu redor conseguem a tal alta performance e você fica ali, a única para trás na corrida. Que se piscar os olhos pode botar tudo a perder.

Fiquei surpresa com essa visão. Você tem um domínio teórico sobre sua área e uma fluidez nas ideias que impressiona qualquer um. E o coração gigante, que para fins de mercado não é uma soft skill reconhecida ainda, mas na minha visão é o que vai fazer de ti, todos os dias, uma profissional mais completa. E faz desde sempre uma pessoa foda. Por outro lado,  nessa lógica de vida resolvida até os 30, somada à outra lógica de que valemos o que os outros dizem sobre nós, entendo porque fica insegura. Eu também fico. Não só sobre o trabalho, mas sobre crescer. Você também tem esse medo de estagnar. De olhar para trás e sentir que podia mais, fazer e ser mais. De deixar passar a chance.

Crescer é mesmo assustador, amiga. Dá medo a gente sentir que tem mundos imensos, por dentro e por fora, pra explorar e compartilhar e talvez só consiga conhecer uma fração disso. Mas você consegue. Você tem mais do que uma única chance. Na verdade, você tem a vida inteira. Cada manhã. Cada tarde. Cada noite. Cada suspiro. Você tem muito mais do que tempo. Você tem a si mesma. (E a mim, que também tô criando meus caminhos, e em qualquer um deles você será bem vinda.) 

Não importa que pedaço escolher (ou) descobrir. Nem quanto percorrer desse trajeto. É seu caminho, sua vida, um mundo novo que só o seu olhar pode criar e agir sobre. Só você escreve essa história (então relaxa, ninguém previu seu script, pode se deixar surpreender com onde você se levar). Por isso não pare nunca. Desenha e redesenha suas metas quantas vezes precisar. Recomeça. Redescobre a si e ao mundo. Aproveita cada curva do caminho porque é nelas que você vai descobrir do quanto é capaz.

Eu sei você ainda não enxerga, mas daqui já é visível que você tá no caminho, e vai amar sua caminhada. E eu vou estar tão feliz quanto hoje por ter te conhecido e aprendido tanto contigo. Repassando algo que me ensinou: não se aprece nessa maratona. Use seus treinos com sabedoria, divirta-se neles, e não se assuste quando for a hora de disputar com os maiores. É pra isso que entramos no jogo. Nessa hora, se não conseguir se lembrar de que é foda, pode voltar a esse texto. Voce não está sozinha, mesmo que sozinha já seja capaz de resolver.

P.S.: acho que a gente não vai mesmo conseguir salvar o mundo, mas obrigada por salvar o meu nos dias mais cinzas. Cuide dos seus super poderes com todo carinho que teve comigo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Para cada Fênix