Como lidar com os dias de crise
Clichê mas é real. Isso não
é uma cartilha, mas uma troca sobre o que tem me ajudado a navegar em águas agitadas,
conselhos que gosto de me lembrar. Espero que sejam úteis a você também.
São Paulo, 24 de março de 2020.
Não é só nas pandemias que temos altos e baixos.
Inseguranças com futuro profissional, família, saúde, relacionamentos ou
estudos estão sempre rondando nossos dias normais. Agora, com os dias mais
incertos, até as menores coisas parecem ser navegar no escuro: pegar o elevador no prédio ou
comprar pão se transformaram em ações de alto risco (aliás, só pra lembrar,
#ficaemcasacaralho).
E aí, no meio do caos, como podemos manter a paz/evitar os
surtos?
Passo 1 - Surte.
Ouvi a seguinte frase essa semana: "Não sofra
pelos problemas de todo mundo como se pudesse resolvê-los." Na hora fez
muito sentido. Se funcionar pra ti, acho um bom conselho pra abraçar. Não é meu
estilo. Sofro sim por todos eles exatamente porque não posso resolvê-los. E
acho importante deixar que eles mexam comigo, me incomodem, me causem um pouco
de dor pra eu lembrar da minha humanidade, fragilidade e de como olhar para
além do meu mundo é importante. Então, me permito reformar o conselho: sofra o
quanto precisar, o mundo é grande e os problemas as vezes parecem ainda maiores.
E isso não precisa ser normalizado. Ao mesmo tempo, não permita que a dor tome
lugar da ação.
Passo 2 - Faça algo.
Individual ou coletivo, todo problema tem prazo de
validade. As soluções também. É no reinventar-se que está a mágica. E como
viver é lutar desde a primeira inspiração, te garanto que você nasceu pronto
para a luta mesmo na dor. Eu vi na minha que sofrendo porque não conseguimos
ajudar uma avó na comunidade vamos fazer o máximo para ajudar os netos. Com dor
por não ter conseguido a liberação de todos os colegas do meu trabalho que vou
colocar o dobro de esforço nas minhas tarefas. Por ter todo o medo do mundo em
ver pessoas que eu amo passando necessidades que vou, a cada vez que puder,
compartilhar o que eu tenho: seja comida, tempo ou uma palavra amiga.
Passo 3 - Lembre-se: você está vivo. Aja de acordo.
Sim. O mundo está um caos. Mas você está vivo. O
que significa que ainda tem milhões de possibilidades a sua frente. Sim, muitas
delas são assustadoras. E sim, muitas delas são incríveis, mesmo que você não
veja agora. Eu não sei quais delas vão se concretizar. O que cada um pode fazer
é reduzir a margem dos piores cenários. Cuide-se. Coma direito, mesmo dentro
das limitações. Leia um livro. Demonstre carinho mesmo que de longe pelas
pessoas que te querem bem. E demonstre carinho por si mesmo. Viva, dentro de
cada desafio, dificuldade, incomodo. Porque essa é a única vida que temos, e
isso já devia ser suficiente pra querer fazer dela o melhor em cada segundo.
Passo 4 - Divirta-se.
Esse é um dos meus mantras favoritos. A diversão
não é só euforia e otimismo. É concentração e frio na barriga. É mudar de
direção. É pelo que queremos e pelo que tentamos evitar. Divirta-se desviando
do que te assusta. Divirta-se crescendo para encarar o inevitável. Divirta-se nos
perrengues. Dê risada do seu próprio tédio. Aproveite as imperfeições e
imprevisibilidades. Porque todo a dor que a gente se permitiu ali encima, toda essa que a gente sente sem nem se permitir, é só uma parte da história. Divirta-se escrevendo os próximos capítulos da sua navegação.
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