Coragem, minha pimentinha


Santo André, 18 de julho de 2020.


            Essa é a Coragem, minha pimenta. Pensei em contar das minhas plantinhas antes, mas essa lição está em sincronia com a minha vida pessoal de uma forma mais urgente que as demais.



          É a primeira vez que eu cuido de uma pimenta sozinha. Geralmente quem mantinha as Coragens de casa era minha mãe - e eu ainda não dava nome às plantas. No começo, quando a Coragem chegou, não sabia se ia durar muito. O solo dela estava um pouco mofado e ela parecia ter ficado escondida no meio de outras plantas por muito tempo.


            Cuidei dela como eu sabia, de forma meio experimental. Ela passou uns dias de frio, uns de sede e confesso que às vezes estava olhando mais pras outras plantinhas do que pra ela, como se ela pudesse se cuidar sozinha.  De alguma forma, acho que a Coragem fez isso. Passou algumas semanas mais cheia de si, mais viva, cheia de pimentinhas. Aí, nuns dias que eu fiz umas decisões não saudáveis pra mim, ela parece que sentiu. Murchou. Achei que a tinha matado. Liguei pra um amigo (desses que nasce anjo mas não sabe) e mandei a foto. Ele disse:


            - Beca, ela não está morrendo, ela já está pronta para colher. Você precisa tirar umas pimentinhas para ela ter força para dar novas. Ela está bem, agora vai lá e depois fazemos uma receita com as que tirar.


            Eu nem acreditei. A Coragem que eu tive medo de perder só precisava ser colhida. Afinal, é para isso que plantamos, não é? Para colher frutos. Então eu colhi. Tirei dela tudo cada folhinha morta e cada pimentinha que não precisava mais estar ali. Mesmo sem saber como. De novo, a experimentação me faz mais bem do que a inércia. Ela ainda parece fraquinha, até mais do que antes da mini colheita, eu sei. Mas só parece. Ela já não carrega mais o que não lhe corresponde alimentar. E aos pouquinhos vai se nutrir e voltar ao seu vigor natural. E da próxima vez, eu não vou deixar que ela carregue por tanto tempo o que já não precisa ser alimentado.








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