Você já celebrou suas falhas hoje?

Santo André, 29 de agosto de 2020.

 

“Experience is simply the name we give our mistakes.” Oscar Wilde

 

Minha monografia foi rejeitada. Antes mesmo de ser lida. Fui uma péssima orientanda e tentei fazer meu trabalho sozinha - por todas as minhas questões pessoais de tentar evitar frustrações aos poucos e por tentar "não incomodar" quem tem tantas outras coisas pra resolver. Tô trabalhando na terapia, mas ainda é um processo.

Entre escolhas de temas, orientadores, desgastes, quase desistências e noites em claro, foi quase 1 ano e meio. Pra ouvir que meu trabalho nem seria lido.

E incrivelmente, me sinto mais livre. Eu concluí o que mais me desgastava na faculdade. Finalizei um projeto que pra mim era todo um monstro de Odisseia. E fiz isso num ambiente que transbordava amor e apoio de todas as pessoas que eu amo. Recebi tanto carinho e encorajamento nesse processo que a monografia ganhou um novo significado. E hoje eu celebro até o fracasso que dessa rejeição, porque virou um ponto pequeno em tanto acolhimento.

Claro que rolou umas (muitas) lágrimas. Do segundo em que recebi a notícia, passando pelos telefonemas que fiz com meus amigos, até o momento em que falei comigo. Depois de entender que me sentia mal pelo esforço "perdido", me conectei às outras coisas que também estava sentindo. Me olhei no espelho e senti todo o orgulho por ter percorrido um caminho que me deixou mais forte. E que, mesmo quando meu esforço não foi reconhecido como digno de respeito por alguém, eu valorizo minha própria vitória.  Pude celebrar porque aprendi que posso cair. Que posso errar. Que tudo bem apostar em algo que deu errado, eu ainda tenho força pra recomeçar. Literalmente. E escolher um caminho que brilhe meus olhos e faça mais sentido pra mim. E posso escrever, sempre!

Ainda bem, porque agora recomeça a batalha. Busca de tema, de orientador. Busca de energia. Contar pros meus pais que eles ainda não ver a filha graduada. Busca por não e cobrar mais a ainda e, se for pra errar, cometer erros novos dessa vez. Porque recebi do Universo essa ilustração em vida de que não posso tentar poupar os outros de seu trabalho - essa minha otimização pode na verdade, ofendê-los. Também fui presenteada com a prova viva de que meu coração clama por significados: no meu trabalho, na minha pesquisa, nas minhas rotinas e nas minhas relações. A vida de significado, propósito e cheia de mim mesma nos meus passos. E assim, vendo meu bolinho de falhas, tropeços, apostas erradas e recomeços, acho a Re que se faz melhor e mais feliz em cada batalha - inclusive por estar nesse processo de escolher quais lutar.

Então, mamãe, como você me ensinou: fé em Deus e pé na tábua.

 

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