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Mostrando postagens de maio, 2020

Do Brasil que há em mim - reflexões do pré-aniversário na quarentena

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Sou filha de uma família muito brasileira. E dona de uma alma muito latina. Esse é o primeiro ano que eu não vou dançar no meu aniversário. Gosto de dançar bachata ou reggaeton em algum lugar de São Paulo. Ouvir e falar espanhol, viver esse meu lado que gosto tanto. Mas na quarentena somos todos forçados a rever planos. E parei para olhar um lado meu que as vezes nem percebo. Sou brasileira. Sou filha de um pai nordestino e uma mãe do interior paulista. Filha de quem lutou contra seca, desigualdade, preconceito e dificuldades da cidade grande. Sou filha da luta. Luta inclusive pra nascer: minha mãe ja tinha 40 anos quando cheguei. Sou filha de guerreiros que se machucaram muito nas lutas que a sociedade patriarcal brasileira perpetua. Sou filha de quem escuta MPB, samba, criticava sertenajo mas mudou de ideia com os anos. Acordava com meu pai cantando Chico Buarque e hoje janto com minha mãe ouvindo Iza . Sou também filha de uma nação atropelada por suas próprias contradições. F

Das dores e da responsabilidade emocional - comigo e contigo

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Santo André, 21 de maio de 2020. Não preciso te ligar pra falar isso. Fiquei chateada por você não ser quem eu esperava. Quando fui embora na última vez que estive aí, me virei pra me despedir e você estava secando uma mulher. Senti que nada adiantou, que você não vai mudar. Gastei meu tempo e minha energia pra realmente me envolver na sua história e te ajudar a chegar a um lugar que você disse que queria (mas eu acho que não quer). E não fez nenhuma diferença. Isso doeu. Várias versões de Morenas e Jardineiras ainda vão ser machucadas. Não só por você, mas por várias versões de Fênix e Tex-Mex's que vão passar pela vida delas. E não quero trabalhar com o termo culpa. É responsabilidade. Delas e de vocês. Não. Nossa. Nossa responsabilidade enquanto mulheres que deixam/deixaram homens imaturos e indecisos entarem em nossas vidas e nos bagunçarem. E responsabilidade de vocês, homens ocupados demais como próprio crescimento e indiferentes aos processos das mulhere

Você não é melhor do que um abacaxi

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São Paulo, 12 de maio de 2020. Você convida um amigo para jantar. De sobremesa, como estão na fase de cuidar da saúde, você oferece frutas. Tem várias opções na mesa, todas fresquinhas e muito bonitas. Você gosta de todas. Ele, não. Você monta seu prato, senta no sofá e o espera pra começar a comer. Quando ele se senta, você nota que ele não pegou abacaxi. Você prova o seu e percebe que está uma delícia. Oferece para seu amigo dar uma chance, mas ele responde que não gosta. Ele prefere as outras frutas.  Até aqui, nada de errado, certo? Tudo bem seu amigo não gostar de abacaxi. Afinal, nem todo mundo gosta de abacaxi. O abacaxi não vai tentar se aproximar do sabor de um kiwi ou de uma maçã para fazer parte de todos os pratos. Nem que pudesse tentar ele conseguiria. E acho que se ele fosse racional, não tomaria essa decisão.   Você, na outra ponta dessa história, quando alguém não gosta de algo, não insiste dizendo que aquela é a melhor coisa do mundo. Você não diz a q