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Mostrando postagens de agosto, 2019

Para quem se apaixona sempre

São Paulo, 06 de agosto de 2019 Porque quem é apaixonado pela vida se apaixona sozinho. É claro que conhecemos alguém que desperta isso em nós. Mas às vezes isso nem é necessário. As vezes só conhecemos alguém, e por já sermos preenchidos com esse amor à vida, à imensidão que o outro é e transporta em si, os naturalmente apaixonados mergulhamos em mares que nem sabemos se vai dar pé. Ou piscinas rasas demais para o nado livre. Assim, gente muito apaixonada se afoga ou bate a cabeça com bastante frequência. Mas, ah, quando achamos oceano... Aí não tem quem nos pare. Navegamos como os melhores navios, mergulhamos como nenhuma sereia faria e conseguimos o equilíbrio entre ir ao fundo e voltar a superfície para um banho de sol. Ou, bem, pelo menos nos divertimos tentando. Ainda não sei se encontrei um oceano para navegar por muito tempo. Na busca conheci mares incríveis, praias lindas e tenho histórias de piscinas engraçadas. Ainda busco esse lugar para mergulhar, quem sa

Pra que a gente não se esqueça de que é feliz

S ão Paulo, 05 de agosto de 2019 Me apaixonei. E quase me esqueci de que sempre fui feliz. É engraçado como a soma de tesão e admiração por alguém podem me tirar do eixo. Acontece com você? Se percebe apaixonada e fica assim, meio ansiosa por demonstrações de afeto do outro. Ou nem se pega apaixonada, porque ainda resiste em admitir, mas já tem uma música que dedica ao casal. Ou já não acha que sabe nomear o que sente pelo outro, porque se cada relação é única, essa carrega uma série de particularidades que te envolvem cada vez mais. E assim, sem perceber, eu passei um dia todo só pensando nele. Claro que nuns intervalos eu fazia as coisas que realmente tinha de fazer, mas me senti como os românticos do século XVIII. E gosto demais do século XXI para continuar nisso. No meio da revisão do meu dia, plim, acendeu-se a luz. Eu sou feliz e isso não depende dele. Não depende dele responder essa mensagem. Não depende dele gostar da mensagem. Não depende dele gostar de mim. Não de

Feliz dia do meu melhor amigo

São Paulo, 11 de agosto de 2019 Dia dos Pais Ele é o homem mais romântico que eu conheço. Não só nas suas relações amorosas. Na forma como faz as pessoas se senritrem ouvidas e entendidas. Nas flores que presenteia. Nas brincadeiras de rua com as crianças. Na ajuda a quem mais precisa no bairro. Se isso for hereditário, faz todo sentido eu ser mais uma romântica incorrigível dos Almeida. Mas essa história não começa aqui. Cachoeirinha, Pernambuco. Origens de um povo sofrido. Cada nordestino que migrou para o sudeste conhece o preconceito na pele. E no bolso. Com a minha ele não foi diferente. Filho mais novo de uma família de sete irmãos, papai andava 14 km para chegar a escola desde os 5 anos de idade. Migrou para São Paulo aos 18 e nunca voltou para casa. Poupava a grana no ônibus para ter o que comer, o que significava caminhar por 3 horas depois de um longo dia de trabalho. Sempre manteve a justiça e a generosidade como guias de conduta, e mesmo sem ir à igreja (ou ta

Aonde você quer chegar?

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São Paulo, 01 de agosto de 2019 Essa é uma pergunta bem diferente de "o que você quer?" Especialmente na era da informação, tenho a sensação de que queremos tudo. O tempo todo. E pra já. Eu pelo menos quero. Então "o que você quer?" já traz toda carga de imediatismo, de tudo ou nada, conquista ou fracasso. Afinal, ou você tem o que você quer ou não tem. Não há metades, meios termos, mudanças nisso que sabemos que queremos. Mas quando o verbo principal deixa de ser o "querer" e passa a ser o "chegar", ganhamos a sensação de missão em progresso, de caminho que só se faz na caminhada. Adquirimos a perspectiva de que leva tempo, simplesmente pela pergunta. E trazer à mente o elemento temporal, desde o questionamento, atenua essa cobrança que a gente se impõe de já estar (per)feito. Saber que toma tempo nos prepara para não estar ainda no destino que queremos alcançar/construir. Esse é outro verbo que gosto muito. Para saber aonde queremos ch

Para os universitários

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São Paulo, 02 de agosto de 2019 É incrível como a humanidade pode ser melhor quando se vê como grupo. E não o grupo que se coloca como superior aos demais. Mas como grupo disposto a ajudar quem está ao seu redor. Talvez essa não seja a experiência de faculdade mais usual. Sei que há disputas, intrigas, divergências – como em qualquer grupo de pessoas. Mas dentro desse universo particular que é a minha experiência como universitária, vejo um potencial gigantesco nessa comunidade. A cena da qual nasce esse texto é das mais triviais. Uma carona num guarda-chuva num dia frio de São Berlondres Bernardo. Uma cena que já acontecera comigo antes, inclusive em outros espaços universitários. Mas nessa época de ataques à esse espaço em que buscamos, ainda com tantos erros e desafios, gerar mais igualdade num país desacreditado interna e externamente; num período em que a produção de conhecimento e questionamentos são chamados de “balbúrdia”, senti com ainda mais força como a empatia e